João Canto
A cultura da juta, por quase meio século, foi importante para a economia da região amazônica, em função de sua capacidade de fixação da população no campo e da utilização de forma produtiva das áreas de várzea na extensão do Rio Amazonas e seus afluentes. Proporcionou também a entrada de dinheiro para as famílias ribeirinhas e garantiu a sua sobrevivência no meio rural.
Em Óbidos, o auge do cultivo da juta e comercialização aconteceu nas décadas de 40 a 70, onde várias empresas surgiram e a sua comercialização fez com que o porto de Óbidos fosse um dos mais movimentados da região nesse período, assim como a sua economia, entretanto a produção e comercialização entraram em decadência nas décadas seguintes devido a sua substituição por fibras sintéticas (polietileno).
Atualmente com as questões ecológicas, as fibras naturais ganharam novos mercados, e como conseqüência, seus produtores ganharão melhores perspectiva de qualidade de vida e uma integração melhor com o mercado.
Nesse contexto, a Companhia Têxtil de Castanhal – CTC em parceria com os municípios de Óbidos, Oriximiná, Juruti, Santarém e Alenquer está desenvolvendo o projeto “Unidades Demonstrativas de Utilização de Várzea do Baixo Amazonas”, escrito por pesquisadores da IFIBRAN – Instituto de Fomento a Produção de Fibras Vegetais da Amazônia, cujo objetivo é implantar Unidades de Produção para utilização das várzeas do baixo e do médio amazonas, com tecnologias geradas pelas pesquisas e adaptadas as condições do pequeno produtor ribeirinho, na produção de alimentos (grão olerícolas) e de fibras oleaginosas, principalmente a Juta.
No município de Óbidos, segundo a SEMAB, o projeto foi implantado na zona de várzea nas comunidades do Matá e região do Paraná de Baixo, nas quais onze produtores da região quilombola voltaram a desenvolver a Cultura da Juta. Nessa região, foram plantados mais de 10 hectares de Juta e a produção esperada para o final do mês de março é de 18 a 20 toneladas de fibras.
A CTC financiou os recursos para limpeza das áreas, sementes e garante a compra de toda a produção, em contrapartida o grupo de produtores realiza toda mão de obra desde a limpeza, plantio e colheita.
“A parceria entre a CTC e governo municipal trouxe novas perspectivas a estas famílias e os produtores estão entusiasmados com o trabalho que está sendo realizado, despertando o interesse em outras comunidades”, afirmou Jander Canto, Secretário da SEMAB.
A esperança da cultura da juta ressurge como uma saída econômica para os produtores da região, associadas a novas tecnologias de cultivo e de corte, onde equipamentos para colheita mecanizada poderão ser utilizados, como é o caso da máquina de descortificar fibras verdes, que separa a fibra do caule, assim a decortificação passou a ser feita antes da maceração, conforme descreve o projeto. Nessa perespectiva, a cultura da juta vislumbra como rentável, competitiva em quantidade, qualidade e preço, geradora de empregos e renda, não só para o produtor, mas para o município e para todo Estado.
A Juta
A juta é uma herbácea (Corchorus capsularis) da família das tiliáceas, utilizada para obtenção de fibras têxteis. Começou a ser cultivada por volta de1930, com a chegada de uma Missão Japonesa na Amazônia, mais especificamente em Parintins, chefiada por Tsukasa Oyetsuka, na Vila Amazônia. A juta alcança a altura de 3 a 4m, cujo talo possui aproximadamente 20 milímetros, crescendo em climas úmidos e tropicais. As plantas florescem entre quatro a cinco meses depois de semeadas e inicia-se a colheita antes ou depois da floração. A fibra útil está entre a casca e o talo interno, com extração feita pelo processo de maceração.
Na cultura tradicional, as hastes e caule da Juta devem ser cortados rente ao solo com foices ou terçados, sendo depois limpos das folhas e postos em feixes dentro da água. A temperatura quente e úmida da região amazônica favorece sua fermentação e facilita a maceração em dez dias, permitindo assim que a casca se solta das hastes sem que se rompam as fibras da parte lenhosa do talo. Depois são submetidas à nova imersão para lavagem e postas num varal para enxaguar-se, empacotando-se a fibra em seguida. As melhores qualidades de juta distinguem-se pela robustez das fibras e pela cor branca e brilhante do talo; as qualidades inferiores têm a cor dos talos mais escuros, menor comprimento das fibras, coloração mais acinzentada e menos resistentes.
A Juta é matéria prima ideal para a sacaria, embalagem para alimentos, fio de juta, fios compostos, tecidos, aniagem, embalagem para presentes, tecidos para forrar malas, forros de calçados, vestuários, e inúmeros produtos, sendo de grande aceitação no mercado brasileiro e no exterior.
Fotos fornecidas pela SEMAB e CTC
Fonte: SEMAB e CTC
FOTOS |
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Juta |
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Jutal na época do corte |
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Plantação de juta em Óbidos |
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Produtores e Jander Canto na plantação de juta |
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Reunião do Secretário com os produtores de juta |
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Jutal e seu produtor |
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Juta prensada e mazenada - CTC |
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Embarcação fazendo coleta de Juta |
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Maquinário da Indústria CTC |
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Sacaria sendo prduzida pela CTC |
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Cmpanhia Textil de Castanhal |
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CTC em Castanhal |
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Produção de sacaria |
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Funcionários da CTC no tratamento da juta |
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Lavagem da Juta |
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